Criciúma faz parada LGBTQIA+ em apoio a professor demitido por ‘viadagem’
Com adesão de Criolo e outras personalidades, expectativa é de mais de mil pessoas em "ato que serve para dar resposta ao prefeito"
O Parque Municipal Prefeito Altair Guidi, em Criciúma, no Sul do Estado, está tomado pelas cores do arco-íris na tarde deste sábado (28), em uma parada LGBTQIA+ organizada em apoio ao professor que foi demitido por ‘viadagem’, segundo o prefeito Clésio Salvaro (PSDB).
O ato começou a ser mobilizado na noite de quarta-feira (25) e conta com a adesão do cantor Criolo – autor do clipe exibido pelo professor em sala de aula – e de outras personalidades.

A parada que acontece neste sábado foi organizada pela vereadora Giovana Mondardo (PCdoB), que prometeu entrar com ação no MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) contra o prefeito por homofobia.
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“Depois das falas preconceituosas do prefeito, nosso mandato decidiu organizar uma parada LGBTQIA+ aqui em Criciúma. Desde a noite de quarta-feira estamos trabalhando nisso”, explicou a assessoria de imprensa da vereadora.
“É uma parada que serve para dar uma resposta ao prefeito, dizendo que as pessoas querem ser vistas, que existe o público LGBTQIA+ em Criciúma”, esclarece.
A expectativa inicial da organização era da participação de cerca de 500 pessoas, mas este número deve ser ultrapassado com base na repercussão que o ato tomou nos últimos dias.
“Tomou uma proporção gigante. Já temos cinco grupos de WhatsApp com mais de 200 pessoas em cada grupo, então o pessoal aderiu muito.”
Por volta das 14h, já havia cerca de 150 participantes organizando os últimos detalhes. A previsão é que a parada dure até 18h.
Início de movimentação em parada LGBTQIA+ em Criciúma neste sábado (28) – Vídeo: Reprodução/ND
Adesão de Criolo e famosos
Ainda conforme as informações da assessoria da vereadora Mondardo, na última quinta-feira (26), o professor vítima dos insultos e a vereadora tiveram uma conversa por vídeo com Criolo.
O artista apoiou a organização do ato, que deve contar ainda com a presença do dançarino que estrela o clipe, alvo de toda a polêmica.

Além do artista diretamente envolvido no assunto, com a repercussão nacional do fato, outras personalidades também reagiram às falas do prefeito e à atitude de desligar o profissional da rede pública.
Nesta sexta, Caetano Veloso publicou uma série de imagens em seu Instagram que convocam os moradores para a parada LGBTQIA+ em Criciúma.
Prefeito de Criciúma não se manifesta sobre ato
A reportagem do ND+ entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Criciúma, mas foi informada de que “o prefeito Clésio e a prefeitura não se manifestam sobre a parada”.
Relembre o caso
O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB), gravou um vídeo na quarta-feira (25) informando a exoneração de um professor da Rede Pública de Ensino acusado de ter utilizado de conteúdo inapropriado em sala de aula.
O professor de Artes foi demitido por exibir o clipe da música “Etérea”, do cantor Criolo, a alunos do nono ano do ensino fundamental da escola Pascoal Meller, em Criciúma.
Ao falar sobre o assunto, o prefeito Salvaro afirmou que “não tolera viadagem” em sala de aula.
A Prefeitura divulgou nota oficial, explicando o caso e dando o posicionamento da Secretaria de Educação. Confira o texto na íntegra:
“O Governo Municipal de Criciúma, por meio da Secretaria de Educação, vem a público esclarecer que a prática pedagógica de professores da rede de ensino, é orientada a partir das Diretrizes Curriculares, por meio do Plano de Ensino Unificado. Esse plano reúne os conteúdos que deverão ser ministrados junto aos estudantes em cada ano letivo.
Ressaltamos que o episódio recente, envolvendo conteúdo inapropriado em vídeo apresentado por um dos professores, além de não constar no Plano de Ensino da Rede, estando, portanto, em desacordo com a proposta do Conselho Nacional de Educação, não será tolerado pela Administração Municipal de Criciúma.
Dessa forma, as medidas cabíveis em relação ao assunto foram tomadas, o profissional não faz mais parte do quadro de professores da Rede Municipal de Ensino, e os país que perceberem qualquer atitude semelhante podem fazer denúncia a Secretaria Municipal de Educação.”