Bolsonaro tem 60 dias para indicar próximo reitor e vice da UFSC
O Mec (Ministério da Educação) recebe, nesta terça-feira (3) as listas tríplices com nomes para cargo de reitor e vice que o presidente tem que indicar
O Cun (Conselho Universitário) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) realizou na segunda-feira (2), uma sessão especial para compor as listas tríplices aos cargos de reitor e vice-reitor da federal catarinense no período entre 2022 e 2025.
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A gestão do reitor Ubaldo Cesar Balthazar termina em 3 de julho e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL), deve indicar os ocupantes dos cargos a tempo de tomarem posse em 4 de julho.
A UFSC envia, nesta terça, as listas ao Mec (Ministério da Educação) em ofício assinado pelo atual reitor, com informações sobre a sessão e, em anexo, uma ata e documentos dos candidatos que compõem as listas.
Quatro nomes estavam inscritos para o cargo de reitor no conselho universitário, sendo três da chapa que venceu a consulta acadêmica com votos de professores, técnicos administrativos e estudantes, em 26 de abril, e uma quarta candidatura avulsa. O mesmo ocorreu nas inscrições para vice-reitor.

O conselho, entretanto, referendou a decisão da consulta acadêmica e as listas tríplices que chegarão ao Mec são formadas por Irineu Manoel de Souza, Dilceane Carraro e Miriam Furtado Hartung, para reitor, além de Joana Célia dos Passos, Jacques Mick e Miriam Pillar Grossi, para vice-reitor.
Ação popular questiona consulta acadêmica
Conforme noticiou o colunista Moacir Pereira, a consulta acadêmica, etapa preliminar à eleição no conselho universitário, foi questionada na Justiça, com uma ação popular impetrada pelo advogado João de Bona Filho, em nome do economista Bruno Negri.
A alegação é de que a consulta acadêmica contrariou a legislação federal, porque o voto dos professores deveria ter 70% de peso e o sistema adotado foi o paritário, com peso igual para os três grupos de votantes.
Professor da UFSC em Joinville, Luís Fernando Peres Calil também criticou a elaboração das listas tríplices: “O problema é que se apenas o ‘vencedor’ da consulta informal se inscreve na eleição no conselho, não seria possível enviar uma lista com três nomes para a Presidência! Então, a solução dos corporativistas é incluir mais dois nomes indicados pelo candidato que venceu a consulta informal”, disse Calil.

“Se a Presidência escolher um desses dois nomes, eles se recusarão a assumir. Assim, o vencedor da consulta informal, de fato, é o único nome que a Presidência pode escolher! Neste cenário, a consulta informal se torna uma eleição direta para reitoria”, completou.
A reportagem ouviu um dos representantes do grupo que venceu a consulta acadêmica e está na lista tríplice. A expectativa dele é de que Bolsonaro nomeie Irineu e Joana para reitor e vice, respectivamente. Ele declarou que se Miriam ou Dilceane forem nomeadas por Bolsonaro para o cargo de reitoras, vão declinar.
“Diante de uma situação assim, o presidente pode nomear outro nome da lista, até chegar a Irineu, ou tomar outro tipo de decisão”. O representante disse, também, que se isso não ocorrer, haverá mobilização para fazer prevalecer a autonomia da UFSC.
Lista tríplice para o cargo de reitor
Irineu Manoel de Souza é diretor do Centro Socioeconômico da UFSC. Ingressou na universidade em 1974, como servidor público na carreira administrativa. É mestre em administração e doutor em engenharia e gestão do conhecimento pela universidade. É professor na graduação e na pós-graduação do curso de administração.
Dilceane Carraro é professora do departamento de serviço social na UFSC. Doutora em serviço social pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), na área de serviço social e políticas sociais. É graduada em serviço social e mestre em serviço social pela UFSC.
Miriam Furtado Hartung é professora no departamento de antropologia. Possui graduação em história (1987), mestrado em Antropologia, ambos pela UFSC (1992), doutorado em Antropologia pelo Museu Nacional/UFRJ (2000), pós-doutorado no Laboratoire d’Anthropologie Sociale (Collège de France/EHESS) (2011-2012).
Lista tríplice para o cargo de vice-reitor
Joana Célia dos Passos é diretora do Centro de Ciências da Educação da UFSC e suplente de vereadora em Florianópolis pelo PT. É mestra e doutora em educação pela UFSC. Exerce a docência no departamento de estudos especializados em educação e nos programas de pós-graduação em educação e pós-graduação interdisciplinar de ciências humanas.
Jacques Mick é vice-diretor do centro de filosofia e ciências humanas da UFSC (2020-2024). É vinculado ao departamento de sociologia e ciência política e professor na pós-graduação de jornalismo e na de sociologia e ciência política da UFSC. Tem graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela UFSC (1992), mestrado e doutorado em Sociologia Política pela UFSC (1998, 2004) e pós-doutorado na Universidade de Lisboa (2014-2015).
Miriam Pillar Grossi é professora do departamento de Antropologia da UFSC. É doutora em Anthropologie Sociale et Culturelle pela Université de Paris V (1988). Atua no Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e nos cursos de graduação em Antropologia e Ciências Sociais da UFSC. Foi editora da Revista Estudos Feministas (1999/2001) e coordenadora do Instituto de Estudos de Gênero em (2013/2015) e em (2017/2020).