Catarinenses conseguem sete pódios na etapa de abertura da Mitsubishi Cup
Ribeirão Preto – A nuvem de poeira era constante. A cada minuto, uma picape largava em direção aos 29 quilômetros de terra vermelha, desníveis e curvas sinuosas, em meio ao canavial. Os obstáculos, vencidos pela tração 4×4, também eram superados pelo espírito aventureiro e pela paixão do universo off-road.
A abertura da temporada 2012 da Mitsubishi Cup reuniu 69 duplas em uma disputa cheia de emoção, no último sábado, em Ribeirão Preto, no interior paulista. A 13ª edição do rali está ainda mais acirrada e conta com seis categorias: L200 Triton RS, L200 Triton ER Master, L200 Triton ER, Pajero TR4 ER Master, Pajero TR4 ER e Pajero TR4 R.
Atrás apenas de São Paulo no número de participantes, os catarinenses pisaram fundo e fizeram bonito na primeira etapa do maior rali de velocidade cross country do país. Ao todo, foram 30 pilotos e navegadores de Santa Catarina.
Após um intervalo de 12 anos, o manezinho Marlon Koerich voltou a correr na Mitsubishi Cup e, ao lado do navegador Sidinei Broering, de Rancho Queimado, chegou na quinta colocação na L200 Triton RS. “É muito bom voltar a andar na Cup. Essa é a categoria mais competitiva e o mais difícil é pegar a mão do carro. Fizemos o terceiro melhor tempo na última volta e temos tudo para crescer durante a competição”, afirmou o piloto de 35 anos.
Quem também se destacou foi o piloto de Tubarão Peterson de Oliveira, que ficou em terceiro lugar na categoria L200 Triton ER Master – que substituiu a L200 RS, na qual se sagrou campeão no ano passado. “Sabia que a pressão seria grande por conta do título. O carro é novo, mas corrigirei os erros”, ressaltou.
A próxima etapa será em Paulínia (SP), no dia 21 de abril. Na sequência, será a vez de Mafra, no Norte catarinense, receber a terceira etapa da competição, no dia 26 de maio. A Mitsubishi Cup ainda passará por Jaguariúna (SP), Mogi Guaçu (SP), uma cidade paranaense a definir e Poços de Caldas (MG).
Dos ralis da Grande Florianópolis ao Dakar
Com apenas 12 anos, Marlon Koerich viu um carro do multicampeão Luís Tedesco exposto no terminal Rita Maria e teve a certeza de que queria ser piloto de rali. Quando fez 18 anos, tirou a carteira de motorista e começou a correr literalmente atrás do sonho.
Ao lado da irmã Joseane, como navegadora, participou da primeira edição da Mitsubishi Cup, em 2000. “Como todo começo, passei dificuldade. O mecânico era meu amigo, o chefe de equipe era meu cunhado. Mas, mesmo assim conseguimos ter alguns bons resultados”, revelou.
A situação começou a melhorar a partir de 2003, quando os irmãos conquistaram o Rali dos Sertões na categoria Production – a mais básica – e ficaram em terceiro no geral. A conquista rendeu ao piloto uma parceria de sete anos com a Chevrolet, dois títulos brasileiros, um paulista e outro Sertões na Super Production.
No ano passado, Marlon subiu mais um degrau na carreira e participou pela primeira vez do Rali Dakar. Com a equipe da Petrobrás, ele levou o prêmio de melhor estreante e ficou em 14º na classificação geral da principal competição off-road do planeta. “O Dakar foi uma experiência diferente de tudo o que já tinha vivido até então. Foi a realização de um sonho”, disse.
Ingo tenta repetir sucesso no rali
Maior nome da história da Stock Car e dono de 12 títulos da competição, o paulistano Ingo Hoffmann voltou a disputar a Mitsubishi Cup, após mais de um ano longe das pistas. O multicampeão, que estreou em ralis cross country em 2003 e foi vice-campeão do Rali dos Sertões e bicampeão brasileiro, mostrou que ainda não perdeu a mão e chegou em sexto na categoria L200 Triton RS.
Ingo começou a carreira em 1972, passou pelas categorias europeias F-3 e F-2 e pela Fórmula 1, em 1976. Em 1979, retornou ao Brasil e iniciou sua trajetória na Stock Car. “Aquele primeiro título da Stock, em 1980, foi um marco. Eu voltei desacreditado da Europa por conta da falta de patrocínios e recuperei o gosto pelo automobilismo na Stock”, revelou.
Estrutura de primeiro mundo
A cada etapa, a Mitsubishi Cup cresce cada vez mais. Não apenas no grid, mas em termos de organização e bem-estar de pilotos, navegadores e fãs do automobilismo.
A novidade em Ribeirão Preto foi a transmissão da corrida em circuito interno. Por meio de um telão, o público pôde acompanhar cada detalhe da corrida.
O ambiente da competição é familiar e em toda prova é montada uma estrutura com buffet, estandes de patrocinadores e área para crianças, além do espaço destinado aos juízes da prova e à imprensa.
Família unida pela velocidade
O gosto pela velocidade está no sangue da família. Filhos do ex-piloto e mecânico Roberto Leis, Ronald, 26 anos, e Rodrigo, 31, cresceram em uma oficina e brincando com carros. Em 1999, os dois começaram juntos no rali de regularidade e, desde então, têm uma parceria de 13 anos dentro das pistas de off-road.
A boa relação fraternal tem dado resultados. Em 2010, os irmãos, cariocas de Niterói, estrearam com um quarto lugar na Mitsubishi Cup. No ano passado, melhoraram e terminaram em terceiro.
Este ano, apesar da troca de funções na tripulação da TR4 ER e do sétimo lugar na abertura da competição, Ronald e Rodrigo apostam nos laços familiares para o sucesso na temporada. “Como não poderei participar de todas as etapas fizemos esta troca. Foi pior para mim, que como navegador de primeira viagem tinha que falar uma referência a cada 100 metros. Mas na próxima etapa já entraremos mais atentos”, ressaltou Rodrigo. “Por conta da troca, largamos muito atrás e acabamos prejudicados pela poeira dos outros carros. Mas tenho a tranquilidade de saber que estou andando com meu irmão e vamos melhorar na próxima etapa” projetou o caçula.
Números do maior rali de velocidade do país
29 km foi o trajeto da pista em Ribeirão Preto
69 duplas disputam a primeira etapa
30 catarinenses, entre pilotos e navegadores
7 pódios foram conquistados pelos catarinenses
21 de abril é a data da próxima etapa, em Paulínia (SP)
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