Centro Pós-Covid completa primeiro mês com baixa procura de cidades do Vale do Itajaí
Após 30 dias de funcionamento, o ND+ foi saber como estão os atendimentos e entender quais são as principais sequelas atendidas
Neste domingo (26) o CRIE (Centro Regional Interprofissional Especializado Pós-Covid) completa 30 dias de funcionamento em Blumenau. A estrutura foi pensada para atender os pacientes com algum tipo de sequela por conta da Covid-19 no Vale do Itajaí.
Um mês depois do início dos trabalhos, o ND+ foi saber como estão os atendimentos e entender quais são as principais sequelas apresentadas por quem já superou a doença.

Conforme a enfermeira responsável Tatiana Caetano, em 30 dias de funcionamento, o CRIE atendeu 58 pessoas dos 14 municípios ligados à AMVE (Associação de Municípios do Vale Europeu). As principais demandas estão ligadas a perda ou alteração de olfato e paladar, dores generalizadas, fadiga, perda de memória e dificuldade de raciocínio, ansiedade, depressão e cefaleia.
“Os pacientes chegam em sua maioria bastante debilitados, com necessidade de auxílio de familiares e amigos para atividades como se vestir, arrumar a casa e cozinhar. A fala ‘O vírus acabou com a minha vida’ tem sido uma constante”, explica a enfermeira.
Baixa procura
Questionada sobre a demanda, Tatiana garante que os números estão dentro do esperado. Ela lembra que o convênio foi firmado e previa o atendimento de 70 pacientes por mês, um número dentro da capacidade de atendimento do Centro.
Entretanto para o mês de outubro o centro especializado não possui agendamentos feitos ainda. A enfermeira associa isto com o fato dessa ser uma condição nova para todos. “Tanto as equipes de saúde quanto a população precisam entender essa nova condição. Muitas vezes os profissionais e até mesmo as pessoas percebem os sintomas mas não fazem o link com a doença”, afirma.
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Faltas preocupam
Para Cleones Hostins, diretor executivo do Cisamvi (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Vale do Itajaí) o primeiro mês de funcionamento do centro é avaliado de forma positiva, mas aponta questões que precisam ser melhoradas.
Como ponto negativo o diretor chama a atenção para o alto número de faltas nas consultas. Dos 77 pacientes agendados nestes primeiros 30 dias, 19 não compareceram. “Foram muitas faltas. Precisamos que as pessoas entendam a importância de comparecer nestes atendimentos, ou então avisar com antecedência a ausência, pois a equipe é toda mobilizada e não tem como encaixar ninguém no lugar”, alerta.
Baixa adesão de outras cidades
O diretor também foi questionado sobre a baixa adesão dos outros municípios que integram a Amve. De todos os atendimentos feitos no último mês, somente dois foram de pessoas de fora de Blumenau. Ele garante que esta é uma situação monitorada pelo Cisamvi, juntamente com a Furb. “Algumas barreiras dificultam a vinda desses pacientes. Uma delas é a questão do transporte. Algo que já é analisado uma forma de contornar”, garante.
Porém, mesmo não tendo o engajamento de pacientes vindos de outros municípios o centro ajudará no atendimento dessas pessoas. Ao menos é o que afirma Hostins. “Todo atendimento é documentado na intenção de criar protocolos. Isto tudo será repassado para os municípios na intenção de auxiliar em um melhor atendimento aos pacientes”, alega.

O CRIE
O Centro Regional Interprofissional Especializado Pós-Covid funciona na mesma estrutura do Hospital Universitário da Furb, no bairro Fortaleza Alta, em Blumenau.
No local, as equipes multidisciplinares cadastram e monitoram os pacientes considerados recuperados e que apresentam sequelas. Este acompanhamento visa minimizar complicações de outras doenças que podem ser afetadas pelas sequelas.
Investimento de R$ 1 milhão
A criação do centro foi possível por conta de um convênio foi firmado entre prefeitura e Cisamvi (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Vale do Itajaí). O espaço foi pensado para atender os moradores de Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Blumenau, Botuverá, Brusque, Doutor Pedrinho, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó.
Todos os municípios são ligados à AMVE (Associação de Municípios do Vale Europeu). O investimento anual do Consórcio de Municípios será de R$ 1 milhão.