Segundo dados da pasta, doações representam apenas 55% da necessidade por leite humano no país
Governo diz não haver indicativos de que caos na saúde se instale em SC
Em nota, executivo catarinense explica que aumento de casos de Covid-19 pode ser explicado por integração de dados locais com os do Ministério da Saúde no fim de abril
A informação de que Santa Catarina pode ser o próximo estado a entrar em colapso no sistema de saúde pública, depois do Amazonas, por causa da pandemia do novo coronavírus, surpreendeu o governo, nesta segunda-feira (4).

A notícia circulou pela internet, logo após matéria publicada pela Folha de S. Paulo. A justificativa seria o aumento de casos no Estado em uma semana: de 20 a 28 de abril, o salto foi de 1.063 para 1.995.
Em resposta à publicação, o Governo do Estado disse não haver um indicativo que respalde a informação publicada pela Folha.
Por meio de nota, a administração estadual afirmou que a partir do dia 28 de abril, os dados estaduais sobre à Covid-19 passaram a integrar os sistemas do Ministério da Saúde. Assim, casos confirmados por teste rápido sorológico e os casos confirmados por critério clínico e vínculo epidemiológico passaram a ser contabilizados.
Segundo o governo, isso explica o aumento no número de caso dos boletins entre os dias 27 e 28 de abril. No entanto, a administração não respondeu sobre a diferença entre os dias os 20 e 28, datas levantadas pelo jornal.
A nota termina esclarecendo que são feitas avaliações de cenários e projeções sobre novos casos. “O aumento de casos e óbitos também é um movimento esperado diante do avanço da pandemia”, disse o governo. (Leia a nota na íntegra no fim da matéria)
Isolamento social e flexibilização
Santa Catarina foi o primeiro estado brasileiro a anunciar medidas de distanciamento social. A decisão foi anunciada em uma coletiva no dia 16 de março pelo então secretário de Estado da Saúde Helton Zeferino. Na data, o Estado tinha sete casos confirmados da doença, segundo o Ministério da Saúde.
O balanço atualizado pelo governo de Santa Catarina divulgado na tarde deste domingo (3) mostra que o Estado alcançou a marca de 2.519 casos confirmados. Desde o início da pandemia, 52 pessoas morreram em decorrência da doença.
A retomada de igrejas e templos religiosos foi regulamentada pelo governo do Estado no dia 20 de abril e iniciou no dia 21. Já a retomada de academias, shoppings, restaurantes e centros comerciais ocorreu no dia 22 de abril.
Leia também:
- Santa Catarina teria gasto R$ 33 milhões em respiradores fantasmas
- SC libera atividades em shoppings, academias, igrejas e restaurantes
- Santa Catarina registra 52 mortes e 2.346 casos de coronavírus
- Alesc oficializa abertura da CPI para apurar caso envolvendo compra de respiradores
SC piora em ranking em número de casos
Chama atenção também o aumento no número de caso na semana anterior ao mencionado pela Folha, quando o comércio de rua voltou a funcionar. Entre os dias 11 e 20 de abril, o número de casos passou de 732 para 1.063.
Neste início do mês de maio, Santa Catarina passou do 11º lugar (27 de abril) para o 9º lugar (3 de maio) no número de casos registrados entre os 27 estados brasileiros, também o Estado com o maior número de acometimento do novo coronavírus no Sul do Brasil.
Um estudo feito pelo Laboratório de Conservação e Gestão Costeira da Escola do Mar, Ciência e Tecnologia da Univali (Universidade do Vale do Itajaí) apontou que o crescimento de casos entre os meses de abril e maio foi de 737% e de 940% de óbitos de pessoas acometidas pela doença.
Outra situação registrada no Estado diz respeito à compra de respiradores para combate ao coronavírus avaliada em R$33 milhões.
Os 200 equipamentos não chegaram aos hospitais catarinenses. Uma CPI foi aberta pela Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) para apurar a denúncia.
Aumento no número de óbitos
O Ministério da Saúde avalia que o número de mortes vai começar a aumentar no Estado. O último boletim divulgado no domingo (3) pela Secretaria de Estado da Saúde confirmava 52 mortes.
Além do aumento, existem casos que mesmo notificados pelas prefeituras não integram o balanço oficial do Estado.
Um exemplo, é a morte de uma senhora de 87 na quinta-feira (29), em Florianópolis. Mesmo confirmada pela prefeitura, ela não fez parte dos últimos três boletim atualizados diariamente pela gestão estadual.
Outra questão é a subnotificação. Um estudo feito por professores da Univille (Universidade da região de Joinville ), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e uma universidade do Canadá apontou que há uma subnotificação de óbitos de 278% em Santa Catarina.
A pesquisa considerou dados das primeiras 16 semanas epidemiológicas de 2020. Segundo o estudo, o número de mortes à época seria de 117 ao invés das 42 oficialmente confirmadas até 26 de abril.
Leia na íntegra a nota do governo de Santa Catarina
Não há no momento nenhum indicativo que respalde a informação veiculada colocando Santa Catarina como próximo foco do caos do coronavírus. No dia 28 de abril, o painel do Governo de Santa Catarina passou a integrar os sistemas do Ministério da Saúde, sendo eles: e-SUS VE e SIVEP Gripe, e assim os casos confirmados por teste rápido sorológico e os casos confirmados por critério clínico e vínculo epidemiológico passaram a ser contabilizados, o que explica o aumento de casos dos boletins entre os dias 27 e 28 de abril.
O Governo do Estado atua com avaliação e projeção de cenários do novo coronavírus de forma constante. O Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) trabalha com a análise diária da evolução do número de casos e ocupação de leitos ambulatoriais e de UTI em Santa Catarina para a tomada de decisão. Todas as definições e seus regramentos levam em consideração as diretrizes do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde.
O aumento de casos e óbitos também é um movimento esperado diante do avanço da pandemia. O Governo de Santa Catarina já criou 343 novos leitos de UTI em hospitais públicos e filantrópicos desde o início da pandemia do novo coronavírus – o que representa 40% a mais da capacidade hospitalar pré-existente no estado. Mas é fundamental que neste momento cada um faça sua parte e, quem puder, fique em casa.