O que se sabe sobre a variante do coronavírus descoberta em Manaus
Nova linhagem faz com que a entrada do vírus na célula seja facilitada; dois casos de infecção por essa nova variante estão sendo investigados em Santa Catarina
Como se já não bastasse todo o impacto que a pandemia da Covid-19 tem causado no mundo, novas variantes do vírus Sars-Cov-2 tem deixado cientistas e pesquisadores em alerta.
Uma das novas variantes do coronavírus foi identificada pela primeira vez no Japão, em viajantes que estiveram no Estado do Amazonas, na região Norte do Brasil.

A Dive-SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica) informou que dois casos de infecção por essa nova variante encontrada no Amazonas estão sendo investigados em Santa Catarina. As amostras extraídas de pacientes de Joinville e Rio do Sul foram enviadas para Fiocruz, no Rio de Janeiro.
A nova linhagem encontrada em Manaus apresenta duas mutações importantes, chamadas N501Y e E484K. As mutações aconteceram, principalmente, na proteína spike, usada pelo coronavírus para invadir as células e se multiplicar.
De acordo com o Observatório Covid-BR, apesar de atuarem de forma distinta, ambas fazem com que a entrada do vírus na célula seja facilitada.
Essa facilitação tem como consequência o aumento da carga viral dos indivíduos portadores, e, dessa forma, da capacidade de transmitir a outra pessoa (transmissibilidade).
Essa mutação é semelhante às registradas nas variantes do Reino Unido e da África do Sul, que são mais transmissíveis do que a cepa original. Isso sugere uma adaptação do vírus às nossas defesas.
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A mutação E484K já foi associada a uma capacidade maior de escapar dos anticorpos e possui ainda a provável característica preocupante de permitir a reinfecção em indivíduos que já tiveram contato com o vírus antes.
Dessa forma, existe a possibilidade de pacientes que já tiveram Covid-19, mesmo com anticorpos desenvolvidos, serem infectados novamente. Ainda faltam estudos mais específicos, mas foi o que aconteceu com uma profissional de saúde de 29 anos.
A mulher foi reinfectada com a nova variante, apesar de ter desenvolvido anticorpos depois da primeira infecção. A informação foi confirmada por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Os médicos que atuam em Manaus (AM) relatam que, nesta segunda onda, a doença parece estar acarretando casos mais graves e mais letais. Neste sentido, a nova variante pode ser uma das responsáveis pelo colapso no sistema de saúde da capital amazonense.
Eficácia da vacina
Ainda não há consenso entre os pesquisadores sobre a eficácia da vacina contra essa variante específica. Estudos ainda estão sendo conduzidos para chegar a uma confirmação.
O Observatório Covid-BR diz que a falta de controle no mapeamento e difusão da nova variante preocupa pelos danos que pode causar à população, com uma possível onda de casos de reinfecção e
maior carga viral por indivíduo.
Propagação do vírus
A OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que quanto mais espaço o vírus tiver para circular, mais mutações devem surgir.
O Observatório também sugere que os vírus se espalham com o fluxo de pessoas, por rotas aeroviárias, rodoviárias e fluviais, portanto são esses os pontos de atenção especial para uma estratégia de contenção da nova variante, que é mais transmissível e com potencial de reinfecção.
Para que se evite o espalhamento no Amazonas e em todo Brasil, o Observatório afirma que é urgente que haja vigilância de casos suspeitos de reinfecção com as ferramentas que se tem em mãos.
Além disso, as recomendações do uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social seguem válidas para evitar a transmissão. Com informações da repórter Juliana Contaifer, do Metrópoles.