Um a cada quatro hospitais com UTI em SC está superlotado
Nas últimas 24h, algumas regiões do Estado apresentaram um leve desafogamento da UTI, mas o índice de ocupação de leitos ainda é alto, e o de hospitais superlotados, cresceu
Os dados desta sexta-feira (19) indicam que um a cada quatro hospitais da rede pública de Santa Catarina que ofertam leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) estão lotados. O dado reflete uma ocupação global que subiu drasticamente nos últimos dias.
Ao longo de todo o território, com 55 hospitais na rede pública, são 206 leitos livres, sendo que são 1.536 ativos.

Além das superlotações, diversas unidades somam uma alta concentração de pacientes e acabam tendo que suspender atendimentos de emergência respiratória, como o HU-UFSC (Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago) que realizou suspensão na quinta (18).
A unidade é a mais bem estruturada da capital catarinense, e mesmo com a tentativa de perdurar nos atendimentos, seguiu com a suspensão nesta sexta (19).
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“O Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago informa que a situação continua sendo monitorada e a Emergência Respiratória chegou a reabrir parcialmente para demandas espontâneas na manhã de hoje (19) até às 16h30, quando voltou a superlotar. Por esse motivo os atendimentos foram suspensos novamente. Assim que a situação for normalizada, os atendimentos serão retomados”, diz a gestão, em nota.
A unidade soma um total de 27 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ativos, sendo que são 22 ocupados. O índice, então, é de 81%, perto da média global do Estado, que fica em 86%.
Florianópolis, que é a segunda cidade com mais casos da Covid-19 no Estado (57 mil), tem 88% de toda a sua UTI adulta lotada. Nos leitos totais, que são 211, 186 estão ocupados e 25 indisponíveis.
Lista de hospitais superlotados em SC
- Hospital Bethesda, em Joinville
- Hospital de Caridade Bom Jesus dos Passos, Laguna
- Hospital Divino Salvador, em Videira
- Hospital Florianópolis
- Hospital Maicé, em Caçador
- Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, Lages
- Hospital Regional Helmuth Nass, em Biguaçu
- Hospital Sagrada Família, em São Bento do Sul
- Hospital Santa Cruz, em Canoinhas
- Hospital Santa Teresinha, em Braço do Norte
- Hospital São Braz, Porto União
- Hospital Terezinha Gaio Baso, em São Miguel do Oeste
- Maternidade Darcy Vargas, em Joinville
Das unidades acima, somente a maternidade não possui pacientes da Covid-19 em seus quadros, sendo que trata-se de uma unidade que não oferta leitos adultos, os mais contaminados pela pandemia.
Além disso, se forem analisados os leitos de UTI/Covid, são 24 unidades que já somam 100% de ocupação. Ou seja, 43% dos hospitais de todo o Estado estão sem nenhum leito especial da Covid-19 livre.
São justamente esses leitos, os especiais para a Covid-19, que são utilizados para aferir o risco de cada região, sendo tomados como o parâmetro de “capacidade de atenção”.
Oeste ainda enfrente agravamento
Além da capital, já citada, a região Oeste possui uma situação próxima do total colapso do sistema público de saúde.
Nesta sexta (19) a região registrou uma queda breve, deixando os 100% de lotação dos leitos da Covid-19, mas ainda registrando um índice alto, de 94%
Na última atualização do mapa de risco, na sexta (12), as autoridades de saúde indicaram que 10 das 16 regiões analisadas estavam em risco gravíssimo no quesito, incluindo o Oeste e também a Grande Florianópolis.
No somatório, são 89% de todos os leitos da Grande Oeste que estão ocupados. O HRO (Hospital Regional de Chapecó), o mais bem estruturado da região, está com somente cinco dos seus 67 leitos disponíveis.
A situação mobilizou o governador Carlos Moisés (PSL) juntamente com a Secretaria de Saúde à região. O prefeito municipal confirmou, em transmissão nas redes sociais, que a cidade terá 22 novos leitos de UTI e 50 de enfermaria.
A alta de casos na região superlotou o sistema em poucos dias. Xanxerê, por exemplo, registrou aumento de 332% dos atendimentos de suspeita da Covid-19 em dez dias.
A situação acaba forçando a gestão estadual a tomar medidas drásticas como a citada acima, de abrir leitos em regiões superlotadas.
Isso, pois a logística e a distribuição dos leitos influencia nas lotações. O remanejamento de pacientes acaba sendo recorrente, e o fluxo de casos que sobe rapidamente dá pouco fôlego para medidas das autoridades.