Rastro de desvio bilionário em casa de câmbio de SC é investigado para multar beneficiários
Operação da Polícia Federal foi deflagrada na manhã desta terça-feira (26) em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul
A Polícia Federal investiga o rastro de uma movimentação bilionária em uma casa de câmbio em Garopaba, no Sul de Santa Catarina, para aplicar multas de até 225%. Os desvios foram realizados entre 2013 e 2019.
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A movimentação é incompatível com a capacidade financeira da empresa, já que seu faturamento anual é de cerca de R$ 7 milhões.
A operação Cambio Barriga Verde foi deflagrada na manhã desta terça-feira (26). Comandada pelo MPF (Ministério Público Federal), em conjunto com a Receita e Polícia Federal, a ação apreendeu dinheiro, barras, armas de fogo, carros e imóveis de luxo.
Os mandados de busca foram cumpridos por cerca de cem agentes em Florianópolis, São José, Criciúma, Garopaba, Imbituba, Urussanga e Itajaí, além da cidade gaúcha de Caxias do Sul.
O delegado e auditor fiscal da Receita Federal, Daniel Carlos, afirmou que o objetivo é identificar os beneficiários e tributar os montantes desviados.
“A Receita Federal vai fazer essa identificação [dos beneficiários ocultos] e verificar se já estão declarados, qual é a origem desses recursos, para justamente buscar e resguardar o interesse tributário da União, podendo sim lançar tributos, contribuições previdenciárias e multas”, disse o delegado em entrevista ao repórter Paulo Mueller, da NDTV.
Assim, será possível “garantir a concorrência leal das empresas com toda essa questão tributária para resguardar os interesses do cidadão”.
Armas e barras de ouro
Durante o cumprimento das ordens judicias, a Polícia Federal já apreendeu três armas de fogo em uma casa em Urussanga, além de dinheiro em Garopaba e Florianópolis.

Os agentes também localizaram barras em uma filial da casa de câmbio, em Imbituba. O material será enviado para perícia, com o objetivo de identificar se é feito de ouro.
Como funcionava o esquema
Após identificarem as movimentações suspeitas, as forças de segurança constataram que a organização se utilizava de um complexo esquema criminoso que conta com a criação de diversos CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica), para dissimular a existência de filiais.
Para isso, o grupo utilizava os chamados laranjas para ocultar os reais beneficiários das operações fraudulentas usando empresas em nome de terceiros, com o intuito de lavar o dinheiro e blindar o patrimônio resultante do esquema criminoso.
Foi apurada, ainda, a existência de diversos depósitos realizados por terceiros, em volume total superior a R$ 2 milhões, destacando as transações com pessoas físicas que já possuíram vínculo empregatício com a empresa investigada.

Foram identificados fortes indícios de crimes contra o sistema financeiro, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Para combater a organização foi promovido o sequestro de veículos e imóveis de luxo ligados às pessoas investigadas, com o objetivo de impedir eventual esvaziamento do patrimônio acumulado de forma criminosa.
Os investigados, na medida da comprovação de suas participações, poderão responder pelos crimes de operação ilegal de câmbio, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Segundo a Polícia Federal, não é possível identificar ainda a quantia exata apreendida em dinheiro em espécie e bens porque os mandados judiciais estão sendo cumpridos.