Sem argentinos, turismo despenca no verão em Florianópolis
Ocupação de hotéis no mês de janeiro ficou na metade do registrado em 2020; com o Carnaval cancelado, Capital deve deixar de movimentar cerca de R$ 300 milhões
“Os argentinos não vieram”. A frase dita com lamento pelo dono de uma pousada localizada na Praia dos Ingleses, no Norte da Ilha, em Florianópolis, representa um enorme impacto que é sentido em todo setor de hotelaria e turismo da Capital catarinense em 2021.
Segundo o gerente da Pousada Ingleses Beach, em fevereiro o público do local costuma ser “99% de argentinos”. Na tarde desta terça-feira (9)o estabelecimento está sem hóspedes.

“O turismo argentino em Santa Catarina está muito abaixo dos níveis de outros anos. Em 2021, ingressaram apenas cerca de 1.500 turistas por via aérea no Estado. No geral, o turismo de argentinos fora do país neste ano é apenas 5% do registrado na temporada 2019/2020”, disse o Cônsul argentino em Santa Catarina, Gustavo Coppa.
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De acordo com o presidente da ABIH/SC (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Rui Eduardo Schurmann, na atual conjuntura, é comum ver também hotéis vazios em dias de semana.
“Quando tem 30% de ocupação em um dia de semana já é motivo para comemorar”, diz.
O presidente da ABIH/SC acredita que a principal causa para o “desaparecimento” dos argentinos em 2021 são as medidas sanitárias muito rígidas impostas pelo governo argentino.
“O governo argentino pegou muito pesado nas medidas sanitárias. E além disso, a Argentina também não está vivendo um bom momento econômico, o que dificulta ainda mais o turismo.”
Dados de ocupação de hotéis preocupam
A diferença no fluxo de turistas em 2021 em relação ao mesmo período de 2020, considerando, claro, a pandemia da Covid-19, é grande.
Rui Eduardo Schurmann explica que o impacto maior é sentido nos hotéis do centro da cidade e nas praias, que lidam majoritariamente com turistas.
“O impacto nos primeiros meses do ano é de pelo menos 50%, ou seja, estão lidando com menos da metade do público em relação ao ano anterior”, lamenta.
No feriado de Natal, a queda registrada pela ABIH no Estado foi de 60% a menos que no ano anterior.
Ainda em números gerais que contemplam toda Santa Catarina, o réveillon e o mês de janeiro mantiveram a mesma média, 50% da ocupação em relação a 2020.
A expectativa é que esses dados sejam ainda piores para o setor em fevereiro. “O público argentino costuma vir muito no início do mês de fevereiro e no pós-carnaval, mas a realidade é que eles não vieram, e nem virão”, diz Schurmann.
Segundo ele, a previsão é de que a taxa de ocupação hoteleira neste mês fique por volta de 60% menor do que no ano passado.
O presidente da ABIH/SC lembra, ainda, que outro fator muito prejudicial para o turismo no mês de janeiro foi o tempo em Santa Catarina, que registrou muita chuva e até alagamentos.
Capital deixa de movimentar R$ 300 milhões no Carnaval
O impacto não será apenas no setor de pousadas e hotéis. De acordo com a assessoria da secretaria de turismo da Prefeitura de Florianópolis, o Carnaval movimenta em torno de R$ 300 milhões no município.
Esse valor engloba o uso de hotéis, bares, restaurantes, transporte, Airbnb, comércio, serviços, entre outros.
Em 2021, no entanto, com o cancelamento do feriado, a Capital deve deixar de movimentar esse montante na economia local.
Redução de 96% no desembarque via aéreo
De acordo com os dados do Floripa Airport, o desembarque de turistas argentinos em janeiro de 2021 foi 96% menor do que o mesmo período de 2020.
No primeiro mês do ano passado, foram 24.367 argentinos que chegaram na Capital.
Neste ano, o número total foi de apenas 1.089 pessoas.
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